Sem sorte na vida e com enorme desgosto de seus familiares, Maria com seus vinte e quatro anos resolveu seguir a vida sozinha morando próximo ao cais de Valongo no Rio de Janeiro.
A moça era elegante, adorava se enfeitar e observar os marinheiros trabalhando pela sacada de sua casa e quando tinha tempo se aproximava para tentar chamar a atenção dos homens.
Em um de seus passeios Maria conheceu um jovem marinheiro no qual com uma lábia afiada acabou despertando seu interesse, porém não foi tão fácil assim. Entre idas e vindas de mercadorias e tráfico de escravos o jovem marinheiro tentava a todo custo ganhar o coração de Maria.
Passaram-se alguns messes e a mulher com o coração já derretido pelo jovem decidiu começar um romance.
No inÃcio era gostoso demais, flores, jóias, anéis e plumas. Sem contar os pares de sapatos valiosos que em todo encontro Maria era presenteada.
Foram exatamente 7 anos juntos, Maria já tinha seus trinta e dois anos de idade e era completamente apaixonada pelo rapaz que desde o momento a tratava com amor, carinho e fidelidade.
O rapaz ainda trabalhava nos navios e em uma de suas viagens não voltou mais pra casa, Maria acordava cedo todos os dias e andava até o porto com a esperança de reencontra-lo mas nada encontrava.
Maria do Cais amava muito aquele homem e vendo que ele não voltaria pois já se passava 3 meses revolveu ganhar a vida como as outras mulheres do local.
Ela passou a beber e fumar exageradamente e todas as noites saia para se prostituir e ter o que comer no dia seguinte. Era assim que Maria vivia e aos poucos foi se definhando por não se cuidar e cair no mundo da amargura.
Maria do cais acabou desencarnando por uma nostalgia profunda e caiu ali mesmo na passarela do porto sendo velada no cemitério mais próximo por volta de 1897.
No astral Maria do cais encontrou Miguel seu grande e amado companheiro que tinha desencarnado afogado no mar, devido a uma forte tempestade que destruiu o navio.
Texto: @contosdoorun
📸: @malandroencarnado / Jeff Duarte
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