Ticker

6/recent/ticker-posts

Publicidade

Obatalá cria Iku, a Morte.


Quando o mundo foi criado, coube a Obatalá a criação do homem.
O homem foi criado e povoou a Terra.
Cada natureza da Terra, cada mistério e segredo, foi tudo governado pelos orixás.
Com atenção e oferenda aos orixás, tudo o homem conquistava.
Mas os seres humanos começaram a se imaginar com os poderes que eram próprios dos orixás.
Os homens deixaram de alimentar as divindades.
Os homens, imortais que eram, pensavam em si mesmos como deuses.
Não precisavam de outros deuses.
Cansado dos desmandos dos humanos,
a quem criara na origem do mundo, Obatalá decidiu viver com os orixás no espaço sagrado que fica entre o Aiê, a Terra, e o Orum, o Céu.
E Obatalá decidiu que os homens deveriam morrer; Cada um num certo tempo, numa certa hora.
Então Obatalá criou Iku, a Morte.
E a encarregou de fazer morrer todos os humanos.
Obatalá impôs, contudo, à morte Iku uma condição: só Olodumare podia decidir a hora de morrer de cada homem.
A Morte leva, mas a Morte não decide a hora de morrer.
O mistério maior pertence exclusivamente a Olorum.
Como podemos ver, Ikú é uma entidade dotada de significado próprio e específico, tem seu ìhùwasé, isto é, existência e natureza própria. É um ebóra pertencente ao grupo de guerreiros do orum, considerado um irunmolé-filho. 
Divindade masculina, não fica num lugar fixo, mas roda em torno do mundo para realizar o seu trabalho, ajudando a manter o equilíbrio da natureza.
Nos itans, Ikú é filho de Odudua com Obatalá, tendo existência e axé independentes.
 É considerada uma divindade dúbia, estando ligada ao fim da existência e também à criação, pois forneceu a Obatalá a lama que usou para a confecção de novos moradores do Aiyê. É a única divindade que um dia “tomará” posse da cabeça de todos 
os seres humanos, carregando na mão direita o kumón, um poderoso e perigoso cetro, 
fabricada em metal, ferramenta indispensável e auxiliar no cumprimento de suas funções. 

Ikú: palavra da língua yorubá que significa morte; foi permitido e abençoado por Olodumaré a conduzir o ciclo da criação. Designada a vir todos os dias ao Aiyê escolher os homens e mulheres a ser conduzidos ao Orun, retirando o Emi (sopro da vida), condição imposta para a renovação da existência. Sua celebração ritual no axexê comemora a volta do homem ao todo primordial, reafirmando o grande mistério e possibilitando outras vidas. 
Axexê, rituais funerários dedicados aos mortos do povo-de-santo.

 ✔ Reginaldo Prandi, "Mitologia dos Orixás".

Lààyè awọn ésà ti Òrìṣà ẹgbẹ́! 
Viva os ancestrais do culto de Orixá!

Carybé, obra que retrata a cerimônia
 "Axexê, ritual fúnebre de uma pessoa iniciada no candomblé".

Postar um comentário

0 Comentários