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Mostrando postagens de novembro, 2020

Águas de Oxalá.

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“Águas de Oxalá” inicia-se com Oxalá decidindo fazer uma visita a Xangô (a divindade dos raios e dos trovões). Como era de costume na terra dos orixás, Oxalá consultou um bàbálawo para saber como seria a viagem. Apesar dele ter recomendado que a viagem não se realizasse, Oxalá já havia decidido deslocar-se para Òyó, então o bàbálawo lhe disse: "Leve três mudas de roupas brancas, pois Exú irá dificultar seus caminhos". Também aconselhou que ele levasse consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabão-da-costa e que aceitasse fazer tudo que lhe pedissem no caminho sem reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida! Com estas precauções o Orixá pôs-se a caminhar com seu cajado em direção a Òyó. Caminhando pela mata encontrou Exú que tentava levantar um tonel de Dendê nas costas. Exú pediu ajuda e Oxalá prontamente o ajudou. Mas Exú, propositalmente, derramou o dendê sobre Oxalá e saiu. Oxalá banhou-se no rio, trocou de roupa e

O que é Igbá Odù?

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Antes de falar de Igbá Odù, preciso falar sobre o Òrìṣà feminino Odù ológbòjé, esposa mítica de Ọ̀rúnmìlà. Òrìṣà Odù é a mulher espiritual de Ọ̀rúnmìlà, ela é esposa dele no ọ̀run. Diz a lenda que quando Ọ̀rúnmìlà veio do Ọ̀run para o ayé ele prometeu para Odù que não se casaria na terra, porém, Ọ̀rúnmìlà no ayé teve algumas esposas, como Ọ̀ṣun, Ajé, Olókun (teve um caso) e para alguns sacerdotes até Yewa e Yemọja. Com isso, Odù ficou com muito ciúmes e veio para o ayé mas, logo retornou para o Ọ̀run. Devido a isso, Odù não gosta que outras mulheres lhe vejam, por isso os seus símbolos sagrados não podem ser vistos por uma mulher. Odù é a mãe espiritual dos 16 Odù àgbà e é ela quem permite que o Odù de um recém iniciado no Ifá (Ìtẹ́fá) seja revelado, por isso, é fundamental que Odù seja alimentada nessa cerimônia. Igbá Odù, é o assentamento sagrado de Odù, seus símbolos não podem ser revelado e seu preparo requer muito conhecimento e força espiritual por parte do Bàbáláwo.

*BORI - Resumo*

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A fusão da palavra Bó (Ebó), que em yorubá significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça (ou o Orixá que "rege a cabeça"), surge o termo Bori, cuja tradução quer dizer literalmente “Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de iniciação ao sacerdócio. O yorubá cultua o seu elemento mais sacro, o Orí, sua cabeça. O Borí é o rito de oferenda à cabeça (ẹbó Orí), que consiste em assentar, sacralizar, reverenciar e ofertar o Orixá Orí, portanto, cultuar e louvar Orí e assim estabelecer o elo entre a cabeça material (orí) e a cabeça espiritual, ou seja, criar a harmonia e equilíbrio necessários à vida. A coexistência do orí físico e do orí espiritual no homem perfaz o Orixá Orí, e é através dos ritos próprios do Bori, que se estabelece essa comunhão Assim é que se busca a estabilidade espiritual. De ac

*MENSTRUAÇÃO* (Bajé)

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A menstruação(bajé) Antes de seguir a matéria devemos lembrar que cada casa segue uma maneira de explicar por qual motivo a mulher em si é proibida de participar de alguns rituais no período menstrual(bajé). Com base de estudos e pesquisa vamos tentar esclarecer de alguma forma o tal "tabú" de que a mulher nesse período fica impossibilitada de praticar alguns rituais, vamos citar algumas maneiras afim de tentar explicar tal tabú. Para alguns a pratica da mulher nesse periodo nos tempos antigos era de maneira constrangedora, pois nos tempos antigos não existia o absorvente íntimo e muito menos o OB então usavam um paninho para conter, mais dependendo do fluxo da mulher transpassava e ficava constrangedor para a mulher e uma afronta para o orisá, por tal esquecimento da mulher era feito sacrifícios afim de acalmar o orisá pela afronta e falta de atenção da mulher que ficaria meses sem praticar os rituais afim de punição, entao se privava a mulher nesse período para

QUE MINHA CABEÇA SEJA BOA!

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Diz um itan (história), que Oju (Olhos), chegaram ao mundo antes de Ori (Cabeça), sendo assim, seu irmão mais velho. Um dia O Criador de Tudo e pai de ambos, pegou duas cabaças e abriu pelo pescoço. Em uma, ele encheu com carne temperada com vinho de qualidade, pimenta da costa e dendê, ficando um cheiro aromśtico e um deliciodo sabor. E embrulhulhou com um pano lindíssimo e atraente. Na outra cabaça, Ele colocou muitos búzios (no princípio, búzio era moeda de troca e valia dinheiro), colocou também, ouro, prata e todo tipo de pedras preciosas. Mas essa, o Criador embrulhou num pano vagabundo, feio, sem brilho e de nenhum valor. Ele então, chamou Oju e Ori e mandou cada um escolher uma cabaça. Oju, encantado e admirado com a cabaça embrulhada no belíssimo tecido, não pensou duas vezes, escolheu logo aquela linda cabaça. Quando viu o que tinha dentro e o cheiro que exalava, chamou logo os amigos e comeu tudo na companhia deles, sem deixar nada. Nem convido

OYÁ, ÁRVORE DE MIM

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"O vento nas folhas é Oyá. O raio no céu também é Oyá. É Oyá a tempestade que cai de repente. A mãe que protege seus filhos. A companheira inseparável. A amiga de todas as horas. Oyá é inquieta, curiosa, sedutora, alegre, guerreira... Uma mulher inigualável e, muitas vezes, incontrolável emocionalmente, pois, Ela defende o que é seu com a sua própria vida. Oyá dá a vida por um filho seu. E por um grande amor, Ela vai até ao infinito em busca dele sem olhar para trás. Ela é dona dos Eguns, dos bambuzais, da tarde e de tudo que tem vida. Ela é a própria vida em movimento. E como dança mesmo triste... E se alegre, dança muito mais. E se pensativa, alegra-se e entristece ao mesmo tempo, mas nunca pára de dançar. E como dança essa mulher! Deusa dos movimentos, dos ventos e de tudo que há em mim. "Oyá, árvore de mim!" Senhora das minhas retinas, ilumina-me com os seus raios incandescentes. Guia-me com os teus ventos certeiros. Ampara-me com as tuas mãos quentes e a

ÒSÍBÀTÁ - A FOLHA SAGRADA

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Uma das folhas preferidas de nossas Grandes e Veneradas Mães é a folha de òsíbàtá (oxibatá), também muito conhecida popularmente como ninfeia, folha de lótus, lírio d’água ou golfo d’água.  Seu nome botânico é Nymphaea sp., que tem como origem a palavra em latim nympha (divindade feminina das águas, bosques e dos montes). Existem diversas espécies de ninfeias, sendo que a maioria é originária da África, Europa e Ásia, embora algumas até sejam encontradas no Brasil. Suas flores podem possuir diversas tonalidades como o branco (N. alba), azul (N. caerulea), vermelho (N. rubra), e amarelo (N. luteum). A ninfeia azul é nativa do Nilo (Egito), e segundo relatos era uma das plantas consagradas a uma divindade muito antiga, conhecida como Nefertem ou Nefertum. A flor era muito apreciada pelos antigos egípcios, não apenas pelo seu odor inebriante como também por suas propriedades curativas. Segundo alguns mitos, Nefertem utilizou essa flor como oferenda ao deus do Sol, Ra, para que

Lugar de aprender candomblé é no terreiro!

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É preciso frear e inibir a prática de venda de rituais e práticas litúrgicas através de cursos e apostilas. E isso por vários fatores: 1. Faz parte do aprendizado do candomblé, em razão de sua origem cultural africana, o passo a passo, o pouco a pouco. Não se deve apresentar as teorias e práticas rituais aos iniciados de uma vez. A lição do aprendizado do tempo, da humildade depende disso; 2. O aprendizado vendido a estranhos fere a hierarquia da estrutura do candomblé. Qualquer iniciado, mesmo fora do seu tempo, teria acesso a informações teóricas, para as quais ele não está sequer preparado espiritualmente para lidar com as práticas dessas teorias; 3. As práticas litúrgicas estão diretamente ligadas às tradições familiares que remontam, muitas delas, da fundação do candomblé. Portanto, é danoso, incoerente e improdutivo pertencer a uma tradição litúrgica e praticar ritos de onde nem se sabe de onde vem e ainda que soubesse, não é a tradição na qual o indivíduo foi concebi

Você é ketu, jeje ou angola? (ou "Todo separatista é burro!")

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As chamadas "nações do candomblé" são demarcadores étnico-linguísticos e litúrgicos. Não são Estados Nacionais politicamente instituídos com fronteiras intransponíveis. O candomblé em princípio, era a religião de origem yorùbá, ewé-fon ou bantu estruturada na Bahia. A organização racional e litúrgica desta religião se deu na confluência de ritos, mitos, falas e atos de diversas etnias. O candomblé é produto do sincretismo de diversas etnias, culturas, cultos, idiomas e saberes (negros majoritariamente, mas não só. Indígenas, Brancos, Árabes também). A divisão original dos escravizados em "nações" com intuito de identificar quem vinha de onde e que "valor" tinha cada um, por razões comerciais, não foi o negro quem fez, foi o sistema escravocrata, foi o traficante de seres humanos pretos. A divisão linguística, étnica e litúrgica do candomblé em nações é, repito, apenas um demarcador. Uma fronteira simbólica para culto das divindades de forma raz

Baru

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Òbàrú é o General dos Exércitos de Sàngó. É o Guerreiro que faz emboscada em Sòbòàdàn. Barú é uma qualidade de Xangô arredia e agressiva. Representa o lado guerreiro, conquistador, o aspecto da liberdade real e potencial bélico dos reis. Ele sendo o General dos Exércitos do Òbà ( Rei ) ele possui assim como Àìyrá o Titulo de Òbà Kànkànfò. Ligado ao elemento fogo sobre fogo, à vida, ao dinamismo e ao prosseguimento espiritual e material. Considerado um caminho de Xangô extremamente raro, jovem, quente, impulsivo, intimamente ligado à Ogum Mèjè e a Exú. Responde nos Odus: 12 (Ejilaxeborá), 1 (Okanran), 6 (Obará) centralmente, 11 (Owárin), 3 (Etaogundá). Todos os odús com ligações com Xangô, Exu e Ogum. É um orixá que deve ser muito apurado para se apresentar num jogo, por isso facilmente confundido com Ogum e Exú. Este Xangô somente aceita se cooligar com Ogum Mèjè, devido à não haverem choques de energia entre os dois e algumas afinidades entre estes dois orixás, e comumente

Obatalá cria Iku, a Morte.

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Quando o mundo foi criado, coube a Obatalá a criação do homem. O homem foi criado e povoou a Terra. Cada natureza da Terra, cada mistério e segredo, foi tudo governado pelos orixás. Com atenção e oferenda aos orixás, tudo o homem conquistava. Mas os seres humanos começaram a se imaginar com os poderes que eram próprios dos orixás. Os homens deixaram de alimentar as divindades. Os homens, imortais que eram, pensavam em si mesmos como deuses. Não precisavam de outros deuses. Cansado dos desmandos dos humanos, a quem criara na origem do mundo, Obatalá decidiu viver com os orixás no espaço sagrado que fica entre o Aiê, a Terra, e o Orum, o Céu. E Obatalá decidiu que os homens deveriam morrer; Cada um num certo tempo, numa certa hora. Então Obatalá criou Iku, a Morte. E a encarregou de fazer morrer todos os humanos. Obatalá impôs, contudo, à morte Iku uma condição: só Olodumare podia decidir a hora de morrer de cada homem. A Morte leva, mas a Morte não decide a hora de morrer. O